sábado, 21 de julho de 2018

Lá Land... não existia, afinal.

O que La La Land quer nos dizer? Que tudo tem um jeito de tudo dá certo?
Assisti recentemente e sem ter lido nada sobre o filme, me joguei na trilha maravilhosa, nas cores, na fotografia, na atuação.
Um belo filme de sessão da tarde em um sábado à noite.

E não era sobre isso, afinal.
Não era um filme sobre o amor, era um filme sobre o sucesso. Sorte no jogo, azar no amor? O que falar de casais que se anulam  e que para seguirem sucesso precisam se separar?

A verdade é que não prestei muita atenção ao filme até os seus momentos finais quando você descobre que o final feliz não envolve a felicidade de todos os ângulos.
Apesar da clara homenagem aos filmes dos anos de 1950/1960 com um figurino e cores fortes quase como uma animação, não é absolutamente óbvio e nem clichê. E a última cena nos faz pensar exatamente isso: é assim mesmo.

Mas estão todos felizes, todos realizados e mesmo assim não é o tipo de final feliz que tinhamos em mente.
Então, agente saca, como sacou em Frozen ou em Moana (eu tô falando de Disney? É, estou): o mundo não é mais tão simples, por que seriam os filmes.

Os celulares nos lembram no filme que apesar de Mia e Sebastian estarem bailando pela cidade com uma orquestra que sai das nuvens como mágica, eles não estão no mesmo tempo que Gene Kelly e Debbie Reynolds, nem no mesmo contexto. Não há mais Guerra Fria e nem dois lados da moeda. Nem há mais moeda. Há indvíduos em suas individualidades tentando sobreviver.
É disso que se trata sobrevivência. Pura e simplesmente.

O filme todo é a sequencia final. Tudo o que antecede é uma imensa e bela introdução. Pra que se entenda que, afinal, final feliz tem mais de uma dimensão e mais de uma perspectiva e que o jogo pode virar em apenas um beijo.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Um estudante entre estudantes

Essas impressões acontecem enquanto assisto ao filme junto com os meus alunos de Fundamentos da Psicologia Educacional. A atividade é o fechamento de uma discussão de 5 semanas em torno do desenvolvimento humano a partir da perspectiva da Psicologia do Desenvolvimento.
O filme é uma produção... tendo...como protagonista no papel de Chano e ...no papel de... e no papel de ... Um elenco de atores e atrizes tentam retratar o cotidiano de uma universidade na cidade espanhola de...

"Não sei como começou"

E uma linda canção executada por um violisnista nos leva ao "novo lar" de Chano e seus colegas de curso

Aula Magna, inscrição, primeiro dia de aula, grupos de trabalho, atividades extra-curriculares e, claro, festas. Tem aluno relapso, amores, decepções, dramas, alegrias. Tudo isso num universo jovem e adulto próprio do espaço representado.
A velhice aparece em dois contextos: o zelador e O estudante, título do filme. É o filme é sobre Chano e sua aventura na volta aos bancos escolares no universo do ensino superior. O que chama mais atenção no início do filme é a disposição de Chano de se conectar com os alunos mais jovens. Seja na música, na dança, nas atividades de socialização, nas aulas, nas expressões verbais e não-verbais típicas desse grupo de humanos. Mas essa é uma disposição em mão dupla. E isso é bom.
Há várias pequenas tramas se desenvolvendo enquanto vemos o caminho de Chano na busca por sua educação superior.

"Certas coisas não deveriam mudar, como os clássicos que nunca mudam"

Outro destaque importante é que os personagens - jovens, adultos e idosos - são apresentados a partir de várias dimensões de personalidade não caindo num generalismo muito comum quando focamos, em um filme, num lugar específico do desenvolvimento humano. Ainda assim, é na tentativa de evidenciar diferenças há cenas em que esse mundo idílico de "antigamente era melhor" torna-se meio caricato sempre idealizando o velho como sábio e o jovem como aprendiz. Ou como protetor, como na cena em que ele defende a honra da estudante grávida do professor de Literatura ou  como se ocupa de ensiná-losMas não tira o mérito da discussão sobre as relações entre as faixas etárias apresentadas no decorrer do filme.

" As grandes obras estão cheias de sabedoria (cena do café onde eles treinam D. Quixote)

Uma nova dinâmica de saber é apresentada na interação entre jovens e idoso, entre adultos e jovens entre jovens e adultos e entre idosos e idosos. A relação com as crianças é sempre a mesma: curiosidade, alegria, aceitação, imaginação.

" Chano nós viemos aqui por que queremos que vocês nos ajude"

Sabedoria, experiência, conhecimento prévio e, de repente, Chano dirigia os jovens no Palco e na vida

" Façam o favor de colarem as suas máscaras e sejam o que quiserem ser"

Amante apaixonado,  cantor romântico, estudante exemplar, amigo de todas as horas, namorado ousado, namorada recatada. O que quiser. A vida vai dizendo e eles vão respondendo dentro do filme que traz um cotidiano, perceptivelmente, temporal. Idosos em um mundo de jovens. Convivendo. Com amores e dores, como a rosa caída ou o choro solitário nos lembra quem nem sempre é possível colocar a máscara.

E aí, apesar de tudo, tudo muda. Como sempre.

A morte ronda o desenvolvimento humano. É parte doa cordo com a vida. Mas, sem dúvida, ela ronda mais fortemente o universo do idoso e isso é trazido em dois momentos

"Rapazes, vamos tocar como nunca por que, quem sabe, essa é pode ser a última vez"

" Abra a cabeça deles para que não sejam egocêntricos, ensine-os a amar"

Com muitas frases de efeito e bastante moralista  sobre escolhas e modos de vida, ainda assim é um excelente oportunidade para pensar o nosso lugar no mundo enquanto aqui estamos.

O zelador se torna Diretor da peça e o filme só mostra a performance deste e não a do professor. Enquanto Chano ajuda

O filme é sobre como podemos aprender a amar. E um aprendizado a ser ministrado pelos mais velhos aos mais novos e além dos muros de uma educaçaõ superior.

Pessoalmente, não acho que possamos pensar de forma tão definida quem educa quem.
Mas é uma ficção e só funciona aqui como ponto de reflexão sobre esses encontros de gerações que nos dizem que somos uma humanidade em desenvolvimento. Todos aprendendo com todos o tempo todo.

É romântico, é bobo, mas convida à reflexão, Vale assistir e pensar sobre quem sou nessas relações e pra onde vou.