Escritores da Liberdade, estrelado por Hillary Swank, em um ano que ainda preciso ver ;), é baseado na história da professora de Lingua Inglesa Erin Gunwell e sua chegada na escola (cujo nome não lembro) em Long Beach. Uma escola que sofre os efeitos de uma reforma que propõe a integração regional como forma de dirimir as diferenças. Algo que já é nos é mostrado no inicio do filme ao sermos apresentados às seçoes com a qual sao divididos os espaços fisicos no patio. E eles não se misturam: latinos, negros, asiaticos. Cada um no seu quadrado. Mas ela acredita na integração e esse esforço dela é aindq maior por ser uma das poucas na escola.
Seu universo de atuação é do pedagógico. Textos mais de acordo com a realidade, forçar a reorganização do mapa de sala, postura e roupas vão sendo modificadas para criar empatia consigo e com a aprendizagem.
Mas o mundo os convida a outras coisas e a vida deles é nas tribos. Como pensar o universo formativo integrador dentro dos limites de um ambiente violento, sectario, corporativista (sim, pq nao?) onde o silêncio é proteção, é arma, é marca de uma população oprimida num sistema meritocrático que desintegra e promove isso. Racismo, intolerância, falta de oportunidade em um salve-se quem puder que de tão cotidiabo soa normal.
"Fechem os livros"
E ela descobre que os limites não são apenas económicos e pedagógicos, são culturais, são sociais. Ela não sabe onde moram, como vivem, quem são. E pra eles, ela não faz sentido, escola não faz sentido
"Por que vc deveria ser respeitada? Por que vc é professora?
"O que vc tem pra mim?"
" O que é Holocausto?"
Eles vivem um holocausto e nem sabem o que é. O choque de culturas é uma chacoalhada na pedagogia da moça. Sua tentativa ainda é pelo conhecimento, mas sem apoio ou crença da escola, ela faz algo que não deve ser exemplo: ela assume as contas da educação desses meninos bancando materiais, passeios, livros.
Mas há uma percepção aqui: é preciso conhece-los, que eles se conheçam a si e também uns aos outros. Faze-los ver quantas semelhanças têm, mais do que suas diferenças étnicas. O jogo da linha é um reconhecimento de si, mas tb do outro. E cria a empatia necessária ao aprendizado e a socializaçao na sala de aula.
E entao os diários.
"Todos tem uma história"
As escritas de si assumem uma proporção inesperada ao irem alem de um movimento em torno do aspecto pedagógico de faze-los treinar a produção escrita. Aparecem como uma projeção de si e mais de si no mundo em que vivem. Permitem repensar valores, se são seus, do seu povo ou do povo do outro lado do bairro, da rua, do pátio.
E ela e nós vamos sabendo de suas histórias.
Ela promove uma libertação dos efeitos de uma vida socialmente limitada e demarcada pela cor da pele. E isso como prática tem efeitos importantes na vida de cada um e na dela tambem. Por que se tem uma coisa que esse filme nos ensina é em como as escritas de si podem ser um componente formativo dos mais poderosos.
Isso tudo tem um custo, claro. Há perdas no processo. Mas há ganhos. E nessa contabilidade, o ganho da libertação é o melhor custo-benefício.
Como Nise, Erin acreditou numa ideia e correu atrás pra cuidar melhor dos seus alunos, da forma que acreditava ser melhor. O que essa história nos inspira, como em O coraçao da loucura, e saber que pessoas boas existem e que elas continuam a fazer o bem, no matter what. Isso nos dá esperança.