domingo, 28 de agosto de 2016

VIDAS EM JOGO NUM FILME

Um clássico tem esse nome por suas razões. Ele sempre tem o que nos dizer, é atual independente de seu tempo histórico, nos identificamos com ele independente de credo, posição política ou estilo de vida. Somos transportados e nos sentimos convidados à apreciação artística.

"The game" é uma resposta à ricos entediados com suas vidas endinheiradas. E começa como todo jogo: um convite e algumas regras. Mas mais importante é a própria regra estabelecida no filme pelos vendedores do serviço: você pode sair quando quiser. Isso gera certo conforto ao jogador. Diferente da vida real, a vida no jogo é uma opção.  As ações são entretenimento e tudo é, para dizer o mínimo, intrigante.

Para um lobo de Wall Street, intrigante é uma palavra extremamente motivadora. Por isso, a escolha do lugar social do personagem de Michael Douglas é importante para que a trama seja tão significativa. Uma história pessoal que envolve controle, egocentrismo, individualismo e sucesso deixa entrever que "entrega" a esse tipo de jogo não é exatamente algo que possamos esperar dessa persona.

Mas o convite é feito por alguém próximo, a partir de um jogo de palavras literárias, no dia de seu aniversário como uma surpresa à alguém que não gosta de ser surpreendido.



Temos ingredientes fanstásticos! Temos um filme fantástico?

Bem...aí depende...se você gosta de jogos. Eu considerei um suspense psicológico. Você espera que alguém vá morrer a cada cena e ele não surpreende apenas a Nicholas Van Orten, ele surpreende você. Em como os personagens vão entrando, em como a história vai adensando, em como a narrativa vai se desenvolvendo.

Eu gostei.

E tem a marca autoral de David Fincher. Só isso já vale.

Go for!

Vidas em Jogo (The Game) - 1997. Dirigido por David Fincher. Escrito por John D. Brancato e Michael Ferris. Música Original de Howard Shore. Direção de Fotografia de Harris Savides. Produzido por Ceán Chaffin e Steve Golin. Polygram Filmed Entertainment / USA.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

RENASCIMENTO EM JOGO NO NETFLIX

Rebirth é um filme original Netflix que não alcançou as estrelinhas almejadas. Como isso não é resenha crítica nenhuma, mas apenas impressões de uma espectadora ocasional, é possível que eu não me importe de spoilers ao longo do texto. Mas também não acho que meu leitor deveria se importar. Desde quando conhecimento é motivo para desmotivação? Todos sabem que Romeu e Julieta morrem no final e agente não deixa de ler por causa disso, não?


O enredo é simples e já vimos em filmes do tipo antes, como Vidas em Jogo (1997) e Clube da Luta (1999). Kyle (Fran Kanz) vive um americano mediano, casado e com uma filha. Ele é gerente de mídias sociais (God! Eu nem sabia que isso podia ser um emprego de verdade) de um banco e sua vida é obviamente mais do mesmo, todos os dias. Mas ele parece bem. Ele não nos parece aborrecido, frustrado, triste, entediado. Tais características aparecem (se bem me lembro) nos personagens que protagonizam os filmes que citei antes.
O início do filme vai mostrando em cenas sequenciais esse cotidiano simplório de Kyle, dia após dia, semana após semana. E é quando entra em cena o amigo "malucão" da faculdade o convidando a viver uma experiência espiritual que irá mudar a sua vida. O "Rebirth"Ele fica reticente, mas curioso e acaba topando.
Então, começa uma sucessão de bizarrices que, vamos dá à mão à palmatória, nos leva numa montanha russa que te fazem até pensar que está à frente de um obra-prima. Ou seja, o filme tem ritmo. Não o achei tedioso, mas o achei chato. Como pode isso? Nem eu sei. Mas acho que essa é toda a questão posta no filme.
Veja: o que o amigo de Kyle propõe é libertá-lo da Vida Zumbi que ele leva e nem sabe, é faze-lo sair dessa Dança Zumbi que fazemos todos nós pequenos-burgueses enjaulados. Mas no final é mais do mesmo.
Uma das regras dessa espécie de culto é que você pode sair a hora que você quiser, mas quando ele pede pra sair (e eles "deixam"!) o que você ver é uma pessoa acuada em sua própria casa, chantageado pelas coisas que fez nesse curto espaço de tempo (sim, pq nos dá a impressão de que ele não ficou lá nem até a hora do almoço) e recrutado à usar sua expertise em mídias sociais para atingir mais pessoas. Pessoas para quem a experiência Rebirth com todas as suas frases e gritos de guerra autoajuda podem até se beneficiar. Mas não Kyle e não certamente os amigos dele que estão nessa por dinheiro, numa vida tão Zumbi quanto a outra que levavam.
"Troque sua Vida Zumbi pela nossa Vida Zumbi" deveria ser o slogan. Mas pode nem ser isso por que o filme não traz nenhuma conclusão antes do seu epílogo. O filme tem epílogo, mas não tem fechamento. Pode ser um limite meu, ignorância visual, acadêmica, sei lá. Mas três coisas ficaram para mim ao assistir esse filme: é só mais do mesmo, não é um suspense psicológico e me deu uma puta vontade de assistir Vidas em Jogo novamente. Talvez esse seja o único mérito deste filme na tarde de hoje.